Armengue nosso de cada dia: como arrumar a pulseira do Mi Band quebrada

Os relógios inteligentes da Xiaomi (Mi Band) são um sucesso por serem bons e baratos. Todavia, a marca chinesa ainda não tem uma presença relevante no Brasil quando se trata das peças de reposição originais dos seus produtos. Na realidade de Salvador, no antro mais diverso e divertido do comércio da cidade - Avenida 7 de Setembro - é quase impossível encontrar acessórios como películas e pulseiras em seus becos e vielas.

Por necessidade, e como único critério o preço, comprei algumas pulseiras na empresa mais valiosa da América Latina, o Mercado Livre. Após poucas semanas de uso, a primeira pulseira quebrou numa espécie de botão de pressão que prende a dito cuja no braço, conforme a foto abaixo.

Duas demonstrando a espécie do botão de pressão quebrado
Figura 1 - Lugar do provável defeito de todas as pulseiras que comprei.

A partir daí, sinal de alerta: é bem provável que todas as pulseiras tenham o mesmo defeito de fabricação. O que é bem conveniente para alimentar a maldita obsolescência programada: logo a peça crucial que prende a pulseira no braço é vergonhosamente pouco resistente. Como o resto estava bom, tal qual uma sandália havaiana que só quebra a tira, guardei a pulseira.

Quando a segunda pulseira quebrou no mesmo lugar, encorporou-me uma missão: preciso dar um jeito de reutilizar essa zorra porque a pulseira está ótima, exceto pela peça problemática. Eis que após futucar umas miudezas / quinquilharias que carrego comigo (alô Trovoa), encontrei dois percevejos de metal (tachinhas para quadro de cortiça) que quando me viram, logo gritaram: "ói nois aqui, ói nois aqui, usa nois!!". Umas fofas.

Foto com a imagem de três tachinhas com fundo branco.
Figura 2 - Modelo de tachinhas que gritaram ao me ver.

O desafio então estava em colocar algo na extremidade que fixasse na pulseira, tal como um botão. Após remover a ponta (por segurança), lixar suas laterais e alinhar perpendicularmente à base. Juntei à minha solução o pesadelo das(os) estudantes de engenharia elétrica que se importam com a estética em suas placas de circuito impresso: a solda mal feita. Sim, aquele cabeção brilhante por excesso de inexperiência e sobra de inabilidade será bem útil aqui.

Após um tratamento termodinâmico adequado para haver uma simbiose satisfatória com a solda de estanho-chumbo nas peças, o ferro de solda trabalhou de forma mal feita em prol do bem feito. Assim nasceu o botão de pressão em liga-metálica-estanho-chumbo, conforme figura abaixo.

Imagem do botão adaptado com tachinha e solda.
Figura 3 - botão adaptado com tachinha e solda.

Neste momento você pode alegar: ah, mas o chumbo é tóxico e a partir da absorção cutânea pode contaminar o sangue e a pessoa ficar MALUCAAAAAAA. Sim, pode. Contudo, em altas doses. De todo modo, se você chegou até aqui e ainda não entendeu o poder da CRIATIVIDADE, por favor, vá embora. Basta lixar e passar, sei lá, uma camada de esmalte de unha para se ter o dano reduzido, a peça construída e pulseiras ressuscitadas.

Foto de uma pulseira com uma peça recém adaptada.
Figura 4 - Pulseira com a peça recém adaptada para teste de aderência.


Um grande foda-se à obsolescência programada.
Armengar é uma arte. 💗


Significado de Armengue    

Trabalho ou serviço improvisado, que não utilizou os métodos ou ferramentas corretas; de resultado duvidoso, inseguro ou de má qualidade.


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