É possível comer ração, ops, fibra?

Certa vez comprei o cereal All-Bran (esse da foto), e, julgando o livro pela capa, meu imaginário associou que o produto que além de ser riquíssimo em fibras era delicioso! A parte da fibra era verdade, entretanto, o gosto era uma catástrofe (pra não escrever desgraça).

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Parecia ração de cachorro, quase vomitei. Tentei usar no suco, na vitamina, com leite em pó, na soda caustica mas o bendito parecia ter pacto com a Nossa Senhora da Bosta Mole e Fedida: contaminava tudo o que tocava. Guardei o maldito na armário esperando que, como vinho, um dia, se tornasse melhor.

Até que um dia, tia Teka (mãe de uma amiga-irmã) visitou-me, viu o bendito no armário, e, ao ser desafiada, comeu. Teka é um desses espíritos especiais, que tem uma alimentação tão, mas tão, mas tão saudável que chega a dar inveja #sqn

Ela comia aquilo como quem come Pringles, Doritos ou o que tiver no seu imaginário de salgadinho gostoso. Fiquei impressionado, como ela conseguia comer aquilo, sem fazer careta e até saboreando? Se ela consegue, por que não posso eu, conseguir?

Então resolvi mergulhar numa experiência louca: uma vez que são a base da culinária ao meu redor, cortei absolutamente o sal e o açúcar. Essa escolha não tinha nada a ver com saúde, era só, basicamente, para criar uma espécie de experimentação no meu paladar.

O começo foi horrível: comer macarrão, arroz, feijão, cadáver carne, salada, sem salgar foi insano. Beber suco, café e chá, sem adoçar: mais ainda. Passada algumas semanas, surgiram as principais descobertas:

  1. O café, quando bem feito, não deve ser estragado adicionando açúcar.
  2. O feijão fica gostoso só com alho, salsa e cebola.
  3. O arroz é doce.
Fiquei impressionado ao descobrir que o sabor original do arroz é doce. Como assim? passei a vida inteira colocando sal no bagulho, achando que só assim para extrair algum sabor daquele grão branquelo aparentemente insípido.

Diferente da experiência com o polenguinho, desta vez o paladar virou refém do hábito e da média gustativa do que era ingerido. Depois de muito tempo, resolvi comer o bendito do All-Bran, então, tive que concordar com tia Teka: o danado além de comestível se tornou gostoso! (não melhor que vinho, mas beleza)

Ou seja: tudo na vida é questão de hábito e referencial.

PS: depois de um tempo voltei para o ciclo viciante do sal e açúcar, não da mesma forma e até desiludido de que o prazer do sabor está nos dois vilões da alimentação ocidental.

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