E inenarrável a capacidade cerebral humana em reatribuir valores às coisas.
Sempre torrei a paciência de um dos meus melhores amigos, por conta do seu gosto pelo tal do polenguinho (ele realmente ama); e eu nunca entendi o porquê.
Ontem, no voo pra Porto Alegre, a TAM me fez o favor de, por duas vezes, oferecer-nos o bendito queijo. Na primeira vez eu comi como sempre o fiz: "Vou comer essa bosta pra não ficar com fome" - pensei... contudo, desta vez foi diferente.
Tomado pela altitude do voo e das ideias, pela viagem que fazia discorrendo às filosofias de um livro do qual lia, parei de prestar atenção na minha birra com o queijo e quando voltei a mim, o gosto da coisa parecia outro, que não queijo.
Antes de continuar eu preciso assumir que amo leite em pó.
Apesar de ter cortado todo e qualquer leite de minha dieta (e com isso perder 20kg), esporadicamente me dou ao luxo de incrementar na minha maravilhosa vitamina de banana, o tal do leite em pó.
Leite em pó fica bom com tudo, até com coprólito (bosta, merda, cocô) - nunca testei, sinta-se à vontade.
Analisando profundamente a minha implicância com o polenguinho, descobri que isso acontecia por ele assumir-se ser um queijo e não parecer. Não tinha nada a ver, ouvir ou cheirar com um.
Na volta da minha viagem aeroespacial pelas galáxias filosóficas, deixei de encarar o pseudo-queijo e comecei a enxergá-lo como um quadrado gelatinoso e molengo, feito estruturalmente de leite em pó, e, assim, um portal intergalático se abriu... tudo mudou e ganhou um novo significado na minha mente.
Não é que o danado do pseudo-queijo é gostoso mesmo? É impressionante como um ângulo muda, de forma considerável, tudo. Obrigado cérebro, ganhei mais um prazer na vida, a danada da gelatina de leite em pó é boa mesmo.
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