Encho o peito, ar escasso.
Subo o monte, vem tontura.
Dou um passo... vista escura.
Paro em prantos. Sou cansaço.
Bebo água e vejo o traço...
Trilha em frente e tão distante.
Luta interna, conflitante...
Sigo em frente em contrapasso.
Vento em flecha, tal qual aço.
Boca em carne, cicatriz.
Quanta ardência em meu nariz.
Sangue escorre vermelhaço.
Corpo em gelo, frio em laço.
O declive é torturante.
Pensamento delirante
que ignora o percalço.
Que calvário... piso em falso.
Corpo escora no bastão.
Quase uma queda, aflição.
Falta força, falta braço.
Pensamento em estilhaço...
Olho o topo, imponente.
Natureza comovente
muda a mente em descompasso.
Olho em volta e sinto o abraço
do Universo em sintonia,
tão perfeito, em harmonia,
diluindo meu fracasso.
Sinto uma força... dou espaço.
Entro em transe ao exaltar...
Cura em reza ao meditar.
Sou potência em cada passo.
Poesia inspirada no trekking do Salkantay (e que serviu pro Chacaltaya)
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