Ao conversar com um amigo que escolheu trocar a profissão de desenvolvedor de software pleno por um mestrado acadêmico profissional na Embraer, mesmo ganhando financeiramente menos - tanto no período do mestrado quando na futura pós contratação como engenheiro júnior - me fez refletir em uma análise de risco a longo prazo.
Considerando o fator remuneração, me parece ser mais arriscado estar exposto à oscilação do mercado de desenvolvimento de software do que do setor aeroespacial: em especial a engenharia. Para além de ser um setor com boas projeções em 2024 [1], existe uma expectativa acompanhada de tendência que vem desde muito antes [2], haja vista o futuro mercado de eVTOLs [3].
No setor de desenvolvimento aconteceu um grande absurdo em 2023: Big Techs contrataram pessoas simplesmente para "bater metas e melhorar a imagem das empresas" e não, necessariamente, por precisar da força de trabalho destas [4].
Sim, é isso mesmo: pessoas que desenvolvem softwares foram tratadas como commodities.
Isso é mais assustador do que supostas tecnologias disruptivas que parecem ameaçar as pessoas que desenvolvem software que, para além destas e outras supostas ameaças, só demonstra o quão volátil e instável é esse mercado.
Claro que em poucos meses estas mesmas empresas produziram demissões em massa, os chamados layoffs [5], pressionando o salários para baixo e provavelmente recuperando o dinheiro "investido". Como fica o impacto emocional na vida das pessoas demitidas? Como ficam as pequenas e médias empresas que, sem bons profissionais, estagnaram ou até mesmo morreram? [6]
É triste saber que existem interesses em contratar bons profissionais para que estes, especialmente em momento de crise, não sejam encontrados por empresas menores que possam ameaçar o monopólio e o poder das maiores (especialmente as Big Techs). É um jogo desleal: quando a concentração de riqueza destas é tão grande que este tipo de manobra é realizada, cria-se crises artificiais que parece ser resultado de um mercado desregulado e/ou sem fiscalização.
Falo em regulação porque este tipo de manobra pode, inclusive, interferir na soberania nacional.
Vejamos: "Briga por engenheiros entre Boeing e empresas brasileiras como Embraer entra em nova fase na Justiça" [7], e segue: "Entidades que reúnem setores de defesa e aeroespacial pedem que seja estabelecido limite no número de profissionais que empresa americana pode 'retirar' de companhias nacionais."
A ação judicial contra a Boeing busca "interromper a captura sistemática de engenheiros altamente capacitados do setor” para assim “proteger uma indústria vital para o interesse nacional, que é estritamente regulamentada em muitos países”.
Ah sim, outro setor bem atrativo também é o de cibersegurança [8] [9].
Fica a dica :)
[1] - https://www.cnnbrasil.com.br/economia/negocios/embraer-preve-crescimento-em-entregas-de-avioes-em-2024/
[2] - https://avozdaindustria.com.br/gestao/entenda-por-que-o-setor-aeroespacial-pode-render-boas-oportunidades-para-sua-industria
[3] - https://g1.globo.com/inovacao/noticia/2024/03/13/carro-voador-confira-projetos-de-evtols-que-podem-comecar-a-voar-nos-proximos-anos.ghtml
[4] - https://www.tecmundo.com.br/mercado/261894-meta-contratava-pessoas-fazer-nada-relata-ex-funcionaria.htm
[5] - https://www.tecmundo.com.br/mercado/261714-meta-confirma-novo-layoff-10-mil-funcionarios.htm
[6] - https://mercadoeconsumo.com.br/22/01/2024/inovacao/apos-2-anos-de-retracao-startups-nacionais-projetam-retorno-dos-grandes-investimentos/
[7] - https://www.estadao.com.br/economia/disputa-justica-embraer-boeing-engenheiros/
[8] - https://securityleaders.com.br/falta-de-profissionais-de-ciberseguranca-aumentou-para-mais-de-29-milhoes-no-mundo/
[9] - https://valor.globo.com/patrocinado/microsoft/ciber-seguranca/noticia/2022/02/09/procura-se-profissional-de-ciberseguranca-escassez-de-talentos-na-area-e-questao-global.ghtml
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