Marios Bros e nossos esgotos internos.

Foda.



Quando eu jogava essas fases que era preciso MATAR Yoshi pra poder "vencer" me dava um fucking peso da consciência do caralho. Eu me sentia intimamente mal. Como assim? matar um amigo? um parceiro que me carrega nas costas?

De tanto procurar soluções pra não ser necessária tal ação, e depois de morrer algumas vezes, eu me rendia à necessidade de passar de fase, derrotar o último chefão e zerar o jogo.

É incrível como as "metas" são incutidas inconscientemente em nosso cérebro para a naturalização da desdiferenciação, que segundo o dicionário informal é: ação de regressar a uma condição primitiva. Ou seja, um câncer moderno em metástase no país.


Parece que esses momentos, no jogo, era um aviso, ou melhor, um exercício pr'eu aprender a viver e replicar os comportamentos violentos e naturalizados da sociedade do oportunismo, do crescer em cima de vidas (ou de mortes), "avançar", será mesmo?

E a "vida" que eu trago aqui se estende para todas as formas de vida, principalmente para as que têm nervo e, consequentemente, sentem dor.

Essa é naturalização do comportamento do bicho, do primata, do assassino que habita em cada um de nós, que formou (e forma, infelizmente) culturas e delineou as cidades ao longo das guerras e desgraças sociais provocadas por nós mesmos.

Mário é bem mais que um encanador ítalo-americano que tenta derrotar criaturas que saem do esgoto (Wikipedia), ele é uma volta às criaturas que precisamos derrotar dos nossos esgotos internos.

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