Ainda sobre a Assembleia do dia 01/09/15 e as entidades castradoras

Houve um questionamento, e até levantamento do qual fui classificado como fascista, anti-partido e anti-coletivo / entidade-estudantil; proveniente do meu discurso na Assembleia Estudantil da UFBA, do dia 01/09/15.



É preciso deixar claro, que o polêmico discurso foi proferido no momento de AVALIAÇÃO da greve. A assembleia estava tão esvaziada que, no momento que abriram pra avaliação, a mesa insistiu diversas vezes pra que alguém fosse lá – ninguém se predispôs… após um longo silêncio constrangedor, gritei: EU! Eu vou! (em tom cômico, o que causou alguns risos da galera)


O primeiro discurso foi leve, fiz referência ao FOCO, argumentei que Pressão é Força sobre Área. Se aplicamos uma força numa área grande, a pressão tende a ser pequena. Contudo, se a mesma força for aplicada, numa área menor, focada, a pressão é absurdamente maior. Se você não aceita, problema seu, reclame com a Física.

Essa é uma das principais reclamações dos estudantes quando convido pras assembleias: falta de foco, traduzindo: pressão mal aplicada.

Após meu discurso, aí sim, diversas pessoas se inscreveram, justamente, ao meu ver, pra desfocar. O meu levantamento chegava perto do real motivo, do porquê a greve estudantil não tem adesão – mesmo assim, foi esquecido pra ser ocultado, em meio a tantos outros discursos vazios dos que me sucederam, impedindo uma saudável reflexão do que levantei. Quem ganha com isso?

Fiquei puto. Me inscrevi de novo, e falei o que todo mundo já leu, pegando ganchos do que tinha sido falado. Não ataquei as pessoas, ataquei as entidades. Porém, quero fazer uma correção: é uma injustiça atacar entidades. E extremamente burro da minha parte achar que qualquer luta social não se fará em torno de várias delas. Porém, atacarei a dinâmica que elas aplicam, essa sim é assassina.

Quantas pessoas já reclamaram comigo que não são bem aceitas porque não querem vestir uma camisa? um rótulo?

Eu mesmo, na primeira reunião do GT de Comunicação, fui questionado se fazia parte de alguma entidade. Para quê? Atribuo que o objetivo foi: entender qual é minha veia política, portanto me rotular, pra bloquear ou apoiar minhas possíveis ideias e sugestões, tornando o ambiente tóxico e enviesado.

Também para constranger, pois FALANDO de quais entidades participam e FALANDO (de novo) que “a luta se faz todo dia” fica, mais uma vez, no bom e velho discurso vazio. Quando perguntei e pergunto mais profundamente aos membros, o que fazem de fato: falam, falam e não dizem nada.

Por isso minha crítica é que as entidades da UFBA mais falam, do que fazem. Qual o sentido de numa roda apresentações, citar Nome, Curso e SE FAZ parte de alguma entidade? Constranger e mostrar que só é bem aceito NAQUELE ESPAÇO, se participar de alguma delas e se compartilharem da “mesma” ideologia política.

As entidades, assim, matam ideias construtivas pro movimento estudantil. Quero deixar claro que meu ataque NÃO É AO DCE. Por mais que eu saiba que alguns de lá aplicam essa dinâmica, enxergo muitas outras pessoas, que fazem DE TUDO pra inserir estudantes numa luta política e de classes, como deve ser. E é pra essas pessoas meu apelo: combata e não compactue com essa dinâmica castradora, é kamikaze.

Quanto aos partidos políticos? Entidades podem se opor às suas pautas, mesmo sendo financiadas por eles – é difícil, mas acontece. Como fizeram, pela primeira vez na história, em Brasília, quando por UNANIMIDADE votaram TODAS CONTRA a redução da maioridade penal.

É pra isso que as entidades existem, pra refazerem a política, não pra repetir dinâmicas das décadas de 80 e 90. Os estudantes de hoje enxergam muito mais as artimanhas aplicadas nos discursos, pra captação de aplausos e ovelhas. A geração é outra, a dinâmica precisa se renovar.

E, pra os que querem espaço político: não ajam com oportunismo, com malícia, jogando sujo. Conheço ativistas partidários nos quais eu até votaria. Um grande salve pro companheiro Marco Musse, que com todos os seus defeitos, teria meu voto. Assim como outros políticos da política "tradicional" como Marcelo Freixo, Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy e afins. Um fascista jamais falaria isso.

As entidades podem ganhar membros (não mais ovelhas), se deixassem as picuinhas de lado, se agissem menos como a classe política oportunista, se trabalhassem mais e se abrissem espaço pro CONTRADITÓRIO... isso é democracia. Vencer o CONTRADITÓRIO no DEBATE, não no autoritarismo. Mas dá trabalho, né? E se não vencer?

De todo modo, manter o modelo político atual só nos afasta. As entidades precisam reciclar suas dinâmicas, se reinventarem, pensarem mais no bem comum do que em suas próprias bandeiras (literalmente).

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