O revolutivo do ser.

Para o entendimento profundo deste texto se faz necessário ler os textos complementares, já linkados, e, principalmente, assistir o vídeo da Viviane Mosé. Em tempos de 144 caracteres e busca pela rapidez exacerbada, este texto segue a contra-mão. É algo para se deleitar no tempo que for necessário, com calma, reflexão e paciência. Garanto que após esta imersão você sairá diferente.

Entre as reflexões intensas que nutro constantemente sobre a evolução e a revolução, e por acreditar veementemente no poder da palavra como um agente ativo que também molda uma Cultura, influencia comportamentos e, por consequência, atua nas mudanças sociais e políticas; vou tentar costurar um raciocínio em prol dessa narrativa.

Como a palavra, na perspectiva de um povo, tem responsabilidades identitárias, já tive a ousadia de classificar, neste blog, o ente responsável por colecionar, catalogar e organizar as unidades lexicais de uma língua, o Dicionário, chamando-o de "prepotente" e até mesmo de "mentiroso".

Como o Dicionário, em definição figurada, é um repositório de informações de ordem cultural, social, política e outras coisas mais, fiz um estudo entre ser radical e ser extremista, bebendo de uma linguagem ainda pouco explorada nas concepções humanísticas: a matemática. Pude constatar erros dos quais corroboram para uma postura inercial e, até mesmo, anti-evolutiva contida nas definições das palavras.

Primeiro que ser radical é algo sempre benéfico, fato. Essa é uma das minhas teclas eternas.
Extremismo ≠ Radicalismo.
E isso precisa sempre ser reforçado, ponto.

Entretanto, ao me deparar com o adjetivo "revolucionário" percebi o quão presa esta palavinha está ao conceito de revolução.

Antes eu preciso compartilhar com vocês sobre o contato louco que tive com palavra revolução: uma maneira nunca antes experimentada. A disciplina do curso de Geometria Analítica da Universidade Federal da Bahia traz em sua ementa "as superfícies de revolução".



O que são as superfícies de revolução? De acordo com a Wikipedia: "uma superfície de revolução é uma superfície no espaço euclidiano criada pela rotação de uma curva (geratriz) em torno de uma reta (o eixo)."

Ou seja, essa animação explica:

Naquele momento ressignifiquei o teor destrutivo e violento, que a palavra revolução carrega, para algo construtivo, de dentro para fora, intrínseco do ser, tal qual um plano revolvido (remexido, revirado, rotacionado) que expande sua atuação, em agora três dimensões, gerando um cilindro.

Mais uma vez a linguagem matemática me auxilia em uma nova percepção humana.

Sem saber, intimamente, as minhas tentativas de adjetivar algo como revolucionário esteve em busca de rotacionar o objeto em torno dele próprio, como algo evolutivo e intrínseco do sujeito. Todavia, um termo novo surgiu espontaneamente junto a este meu anseio de definir melhor as nuances profundas do comportamento humano: o adjetivo revolutivo. (guardem ele)

Na minha leitura, a palavra revolução é uma palavra suja, dentro da perspectiva da excelentíssima e magnífica filósofa contemporânea Viviane Mosé, e, para o bom andamento da sociedade, palavras sujas devem ser evitadas / readaptadas (ou até lavadas mesmo) para uma aplicação mais eficaz e direta, pois isso corrobora o que já falamos do cultural, social e político. Então, pensei:

Se tenho algo revolucionário, está relativo à revolução.
Se tenho algo evolucionário, está relativo à evolução.
Mas e se eu quero um meio termo? Algo que junte essas duas coisas?

Outro ponto é que a depender de onde for preciso encaixar a palavra "evolucionário", encaixa muito ruim. Ela existe no dicionário relacionada a evolução, tudo bem. Todavia, dentro do inconsciente coletivo ocidental, a evolução acaba por ser um conceito geral, abrangente, aberto, tão amplo que, às vezes, chega a ser um detergente tão insolúvel de modo a não alterar a cor, gosto ou cheiro de onde estiver sendo inserida. Ou seja: de tão ampla que é, se perde dentro dos discursos.

Para tanto, procurei a palavra "revolutivo" no Michaelis e não encontrei.



Como a Internet salva, a hipertextualidade é linda e a língua é uma construção de um povo, encontrei minha palavra junto a uma belíssima definição dentro do Dicionário inFormal:

1. Revolutivo
Característica de algo que revoluciona a essencialidade, o original, a fonte evolutiva de cada ser, que muda o conceito original.

Uhuuuul, agora sim! Encontrei! Precisamos de mais palavras assim! Palavras que moldem, influenciem e atuem em cada ser, em cada indivíduo, trazendo-o para a responsabilidade do Ser melhor.

Este é o espírito. É aqui que vive a propulsão interna da evolução humana. O Ser revolutivo é algo evolucionário e revolucionário ao mesmo tempo, na essência, no âmago, na acepção, na construção de uma nova sociedade dia a dia.

Finalmente consegui integrar estes dois conceitos de modo a concatenar a evolução e tornar a revolução menos encardida pelo uso histórico e mal feito da palavra. Sejamos revolutivos, sempre com muita luz e amor. Usemos esse novo termo sem moderação, com muita revolução e evolução!

4 comentários:

  1. Inclusive vejamos que intrigante: pela geometria a revolução implica um giro mas um fim exatamente onde se começou. Nada mais inapropriado pra o que queremos dizer com revolução!

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