Experiência com a Ayahuasca

Eis que encontro a recomendação de um amigo para o preenchimento de um questionário científico sobre a ayahuasca e me deparei com a seguinte pergunta:

Por favor, conte-nos sobre os efeitos positivos ou negativos mais importantes:

Então, lá vai! No início, me vi como se estivesse em uma dimensão de purgatório / umbral. Enxergava figuras assombrosas e ameaçadoras que curiosamente não me causavam medo algum. Havia uma certeza concreta que aquela experiência inicial era parte do processo, que eu estava seguro e em algum momento sairia daquela dimensão, interpretando esotericamente.

Psicologicamente interpreto como um descarrego energético denso do aflorar da (in)consciência e dos meus monstros, desejos, posturas e experiências mais escusas e sombrias.

Passada essa parte inicial, o arrebatamento espiritual tomou-me de tal modo que não conseguia mais sentir meu corpo. Eu era o Universo. Quando voltava à consciência da carne a experiência era exuberante. Todo e qualquer um dos meus desejos eram vistos a partir da construção dimensional de um caminho a ser percorrido para o êxito dos meus objetivos, em detalhes: com todas as dificuldades e percalços que poderão ser encontradas e como perpassá-las. Foi mágico.
 
Por fim, o momento mais difícil foi desligar-me completamente da análise consciente, registradora e controlável de tudo que estava acontecendo.

Quando estive em estado alterado de consciência em outras experiências sempre houvera um resquício da consciência, todavia, com a ayahuasca se eu continuasse neste estado de alerta entraria na famosa e detestável "badtrip". Ou seja: minha tentativa de controle faria com que eu perdesse totalmente o próprio controle ao entrar em um surto.
 
Comecei a suar frio, sentir arritmia cardíaca, um mal estar tremendo e uma voz interior que dizia claramente: pare de controlar, se deixe levar.

Meu medo e necessidade de controle tentou negociar com esta voz, de todas as formas possíveis, retardando a "badtrip" até o último momento, momento este que ou eu me entregava por completo ou passaria do céu para o inferno.

Entreguei-me, com muita dificuldade briguei e desliguei o Estado Controlador até o último resquício de consciência que insistia em atuar, foi árduo. Quando a fé venceu a razão, perdi (ou ganhei?) completamente a noção de tempo, espaço e matéria, foi uma transição de estado instantânea da carne para o espírito.

Sem sombra de dúvidas, foi uma das melhores sensações da minha vida.

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