Negado direito de resposta legítimo em assembleia estudantil da UFBA.

Pela primeira vez na minha vida, vi uma mesa de assembleia negar esclarecimento e direito de resposta legítimo. Aconteceu hoje, na assembleia estudantil da UFBA. Quando me inscrevi e precisei dar meu nome, ouvi: – Ah, você que é o Man Filho polêmico.
– Polêmico? Talvez, mas sempre construí. Brinquei com o rapaz.


Óbvio que depois do meu discurso, quase fui apedrejado em praça pública, ops, na biblioteca pública. Em seguida, uma membra com camisa de entidade estudantil, foi falar pra descer a madeira no coitadinho de eu (como diz minha avó). Disse que quero pagar de professor, que eu nunca construí nada e blablablaaaaa. Aquele bom e velho ad hominem nosso de cada dia. E eu ligo?

Fiquei lá super de boas na lagoas, depois pensei: pera, fui citado e atacado abertamente, tenho direito de resposta e de esclarecimento. Aprendi com o grande Marco Grito, que nas assombrosas assembleias do finado MPL, conseguiu esclarecer muita coisa nessas oportunidades.

Depois de um certo tempo, fui até a mesa: – Então, fui atacado e mencionado, tenho direito de resposta e de esclarecimento.
– Não vamos abrir direito de resposta pra você.
– Ué, mas por que?
– Porque se todo mundo que se sentiu ofendido quiser falar…

Ninguém tinha sido ofendido, diretamente, até aquele momento. E nenhum direito de resposta, até então, tinha sido dado a ninguém.

– Mas eu fui mencionado e apontado.
– Mas você ofendeu muita gente…

Aí pensei: Opa! não apontei pra ninguém e consegui meter o dedo na ferida de “muita gente”. Interessante.

– Essa é a postura da mesa? A mesa não vai permitir meu direito de resposta?
– Não, se você quiser a gente coloca em plenário…

HAHAHA, tá bom, eu sou menino? Imagina a reação da maioria, que se ofendeu nitidamente com minhas inofensivas palavras, quando soubessem que eu queria falar só mais um tantinho.

– Não, não, eu retiro meu pedido. Não quero colocar nada em plenário.
– Podemos colocar…
– Não, não quero.

Engraçado é que: se eu tivesse numa assembleia de maioria independente, eu colocaria em plenário e ia ganhar, certeza. Só que os espaços são ocupados, ou melhor, desgastados pela mesma dinâmica assassina que esvazia o debate político, em todos os sentidos.

Fico extremamente feliz em não ser conhecido por ativistas daquele espaço. Minha construção é outra, prefiro a invisibilidade, o anonimato, não quero holofote, nem quero ser candidato a nada.

Porém, viver recluso é um problema. Se os bons se calam, abrem espaço para os maus. Me considero bom porque tenho boa intenção… se você tem e tá lendo isso, você também tem responsabilidade nos rumos que as coisas tomam.

Mas na boa, estou pessimista: isso nunca vai mudar.

Os independentes não têm saco pras estratégias esvaziatórias que os maus aplicam: desfocam, causam caos, intrigas, desordem, exploram a conformidade social, as vulnerabilidades das emoções humanas, desorganizam por dentro e em casos extremos utilizam até de técnicas de COINTELPRO (Programa de Contrainteligência), o que é uma lástima.

Os independentes não sabem se organizar em assembleia, o que pode ser a horizontalidade, a democracia (que inclui ter paciência pra ouvir/ler baboseiras, como esse texto hahaha), se deixam levar pela (mesmo) emoção, não enxergam as coisas a longo prazo, de modo sistêmico, odeiam política, são ingênuos, preguiçosos, fracos…

Fraqueza aqui passa longe, já a polêmica tá coladinha, e digo mais: sou indigesto. Não quero o mal de ninguém... só dos oportunistas. Se der, até construo junto momentaneamente e cada qual no seu quadrado. Alguém tem que se eleger, né? deixa essa galera ir… peço desculpas aos anarquistas.

Minha crítica será eternamente na dinâmica assassina e autovenenosa que uma grande parte insiste em aplicar. Existem políticos honestos? Sim. E partidos políticos? Talvez não. Não existe bandeira nem ideologia mais linda do que a nossa própria consciência.

A gente pode fugir de tiro, facada, murro e até de bomba nuclear… mas nossa consciência, putz. Essa trabalha certo com a insônia, com dores no peito, com a ira, com a violência, com o cortisol, com as doenças cardiovasculares e com o câncer.

Assim, publico isto na internet. Um lugar onde nenhum microfone pode me ser negado. Onde qualquer um pode estudar, ser dono de si, da sua própria ideologia, pensar fora da caixa, aprender de verdade, muito mais do que em muitas entidades estudantis babacas, narcisistas e inúteis. Não são todas nem todos, mas meu discurso fez a carapuça caber em muita gente.

Até a próxima assembleia.

Meu discurso na íntegra: http://www.desfragmente.com/2015/09/meu-discurso-na-assembleia-da-ufba-dia.html

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