Mais quantos?

Os assassinos foram descobertos.
O Estado não pôde acobertar.
A tecnologia registrou o banal, o diário.

A população se revolta.
Gritos e mais gritos.
Paus, pedras, clamor por justiça.

O Estado se incomoda.
Quer o silêncio, te quer passivo, calado, ignorante, burro.
Cúmplice.
Não encontra.
A saliva não desce.
O choro não volta.
Ódio, raiva, revolta.
Bomba de gás,
spray de pimenta,
cachorro, cavalaria... ninguém mais guenta.
Estirado no chão, sem chance
O preto morreu, menor
"É pra matar! sem dó!"
"Vagabundo tem que morrer!"
Tem que morrer?
Vagabundo?
Então um estalo: pá-pum!
A pólvora esquenta o frio
do corpo que jaz vazio
Quantos morreram assim?
Quantos morrerão, sem fim?
Em cada morte, vai um tanto de mim...

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